Desenho das etapas
Seleção da estratégia geral de ação e respetiva fundamentação teórica.
Este ponto escrito do pré-projeto, tem como principal objetivo a definição das etapas e de estratégias como forma de apoio durante o processo de atuação na Rede de Bibliotecas Escolares. Deste modo, uma das primeiras etapas denominada de preparação e integração, permitirá familiarizar-me com a Rede de Bibliotecas Escolares, a sua missão e os seus projetos. Esta caracteriza-se por permitir ao indivíduo integrar-se num determinado contexto, compreendendo o funcionamento do local onde se encontra, em que a "metodologia de trabalho deve ser participativa.", (Azevedo, 2011, p.25). Além disso, dará a oportunidade de conhecer a equipa, assim como compreender as diferentes funções e papéis dos diferentes membros da equipa. Para esta etapa, uma das principais estratégias passará por participar nas diversas reuniões, como forma de compreender todo o processo de trabalho, mas também através de leitura de documentos disponibilizados pela rede. Após a concretização desta etapa, é importante dar início ao diagnóstico e planeamento, este vai permitir que seja realizado um diagnóstico das necessidades da rede, mas também identificar as oportunidade de atuação. Para Azevedo (2011), esta etapa "diz respeito à avaliação da instituição, assente nos instrumentos, processos e resultados, tendo em vista a implementação do projeto educativo", (p. 20). Esta torna-se uma etapa essencial, visto que vai permitir fazer um balanço do que foi feito e o que é de facto importante ser feito, tendo em conta os recursos da instituição. Nesta etapa, será necessário proceder à realização de entrevistas semi-estruturadas e de conversas informais, e sobretudo fazer uma análise mais pormenorizada de todas as informações recolhidas. O desenvolvimento do projeto, é uma das fases de maior peso durante todo o estágio curricular, devido à possibilidade de concretização de um projeto, ou do desenvolvimento de atividades para um projeto já existente. A realização do projeto dá oportunidade de podermos estar em maior contacto com o público-alvo, que neste caso, será as bibliotecas inseridas na rede, em especial os utilizadores das mesmas. Assim sendo, é importante conseguir colaborar com a equipa em diferentes atividades ou eventos, de forma a conhecer todo o trabalho desenvolvido durante as atividades, e assim ser capaz de desenvolver as próprias atividades.
No que diz respeito à etapa seguinte, esta destina-se à pré-avaliação/ avaliação intermédia. Esta tem como principal intuito avaliar o trabalho realizado, refletir sobre qual o melhor caminho a seguir, mas também quais as alterações necessárias. Assim sendo, procura-se fazer três tipos de avaliação: uma avaliação prévia (diagnóstico de necessidades); uma avaliação contínua, que segundo o Roteiro de Acompanhamento e Evolução de Projetos de Intervenção, "Envolve, normalmente, uma apreciação externa sobre se a intervenção está a produzir os efeitos desejados e faz recomendações de correcção"(p.26)em que se pretende fazer observar as atividades desenvolvidas ao longo do projeto; e por fim uma avaliação final através de entrevistas semi-diretivas e conversas informais. Com os dados recolhidos, é necessário passar por um processo de reflexão do que foi sendo realizado. A quinta e última etapa, é a conclusão do projeto e relatório escrito, que permitirá concluir o projeto/atividades realizadas, assim como o relatório de estágio. Deste modo, pretende-se dar por terminadas todas as tarefas relacionadas com o projeto e com o estágio, realizando a avaliação final. Além disso, e até à entrega do relatório de estágio, será importante garantir a escrita de todo o trabalho realizado e das aprendizagens adquiridas.
Identificação do contexto de intervenção e respetiva justificação.
Ao constituir a equipa da Rede de Bibliotecas Escolares enquanto estagiária do mestrado de Desenvolvimento social e cultural, tenho como principal objetivo contribuir de forma relevante para o trabalho desenvolvido na vertente educativa. As bibliotecas escolares como espaço educativo, desempenham um papel essencial na promoção da literacia e da leitura, mas também na inclusão social. Deste modo, através da reunião realizada foi possível compreender a importância de integrar o projeto miúdos a votos, com o intuito de promover junto dos alunos uma leitura mais diversificada. Além disso, através da pesquisa bibliográfica e a conversa com uma coordenadora, ficou clara a importância do trabalho desenvolvido nas bibliotecas escolares relativamente à inclusão social.
Assim sendo, num contexto educativo a biblioteca escolar é vista como um espaço dinâmico de aprendizagem e diálogo, procurando promover a literacia da informação, do digital e da leitura. Através do projeto Miúdos a Votos, ficou clara a importância de realizar atividades de promoção da leitura, pois verificou-se a necessidade de ajudar os alunos a diversificar as suas leituras. Para isso, foram pensadas atividades como: clubes de leitura, com o objetivo de dar a conhecer novos livros, e desenvolver competências de interpretação e reflexão; sessões com escritores e criadores de conteúdo literário como forma de dar oportunidade aos escritores de incentivar a leitura dos seus livros, e no que diz respeito aos criadores de conteúdo estes podem partilhar as suas experiências e visões; e por fim atividades de leitura e teatro, em que para interpretarem determinado livro, terão de o ler e refletir sobre os sentimentos e atitudes das personagens.
Relativamente ao contexto social, a biblioteca é um local onde todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades e acesso aos mesmos recursos, ainda que adaptados às suas necessidades. Dessa forma, procurarei ajudar a rede a tornar as bibliotecas escolares mais acessíveis a todos os seus utilizadores, seja no acesso ao espaço ou na procura de materiais e livros adaptados às necessidade dos alunos, mas também que abordam diferentes perspectivas e experiências de vida. É importante também ajudar no desenvolvimento de programas de inclusão, como forma de apoiar os alunos com menos recursos, garantindo que estes tenham acesso aos mesmos recursos que todos os outros. Por fim, gostaria de ter a oportunidade de desenvolver palestras e debates sobre a importância da inclusão no meio escolar, como forma de sensibilizar os alunos para o impacto de um comportamento mais inclusivo.
Descrição de procedimentos de recolha de dados
Para que seja realizada uma descrição de procedimento de recolha de informações, é essencial reconhecer a importância deste procedimento para o diagnóstico de necessidades. Deste modo, um diagnóstico de necessidades adequado caracteriza-se pela escolha acertada de métodos de recolha de dados que permitam obter o maior número de informações, e assim optar pelo melhor caminho a seguir. Para Azevedo (2011), esta é uma etapa que possibilita aos responsáveis pela gestão do projeto fazerem escolhas, e avaliarem os fatores internos e externos de uma organização, sendo possível prever e proceder às mudanças e ajustes necessários. É através de técnicas de recolha de informação, nomeadamente, entrevistas, questionários, análise de dados e até mesmo observação, que são identificados os principais problemas e necessidades do público alvo.
Deste modo, um dos primeiros métodos de recolha de informação selecionados, trata-se da Observação participante. Apesar do conceito de observação não ser claro no texto de Estrela (1994), é possível perceber que este processo está sujeito a diversas interpretações, e a forma como este ocorre depende do objetivo pelo qual se realiza, pela situação em que ocorre, mas também pela técnica utilizada. O ato de observar é bastante importante para o campo da investigação, bem como a preparação e conhecimento que o observador necessita ter, para que a observação seja eficaz e proveitosa. Assim sendo, a observação participante é considerada uma técnica em que o observador acaba por estar envolvido no meio que está a observar, "Fala-se de observação participante quando, de algum modo, o observador participa na vida do grupo por ele estudado", (Estrela, 1994, p. 32). Considerando o que é dito pelo autor, o observador não é apenas um "espectador", estando inserido no grupo e em todo o seu ambiente, sendo um integrante ativo (insider) capaz de descrever o que vai observando e experienciando para quem que se encontra fora do ambiente (outsider). Independentemente da metodologia utilizada, o observador deve desde logo definir o seu papel perante o grupo/organização que irá observar. Neste sentido, este é um método que irá auxiliar na fase inicial de integração na instituição, visto que permite identificar e compreender as diferentes funções de cada um dos membros da equipa. Além disso, permite entender a estrutura organizacional da Rede, ou seja, a distribuição de poder e de tarefas pelos diversos setores. Esta técnica torna-se importante também para reconhecer a metodologia de trabalho utilizada, como forma de criar uma melhor adaptação à instituição e de conseguir corresponder às expectativas das coordenadoras. Quando der início à etapa de diagnóstico e planeamento, a observação passa a ser focada para as bibliotecas pertencentes à rede, como forma de perceber o trabalho que desenvolvem e também os seus utilizadores. Para todo o processo de observação, será necessário utilizar um diário de bordo, pois este permite anotar tudo o que foi observado, bem como escrever pequenas ideias e reflexões do que foi experienciado.
O segundo método de recolha de informações consiste na realização de Entrevistas semi-diretivas. As entrevistas são um método que permite não só recolher e observar as opiniões, ideias, valores e memórias junto do entrevistado, bem como conjugar com outros métodos de investigações ajudando assim a perceber se existe coerência entre as informações, "A entrevista é um dos mais poderosos meios chegar ao entendimento dos seres humanos e para a obtenção de informações nos mais diversos campos", (Amado, 2013, p. 207). Além disso, estas caracterizam-se por serem uma forma de transferência de informação e conhecimento entre o informante e o entrevistador. Segundo o autor, as entrevistas são consideradas conversas que ocorrem com uma determinada finalidade, em que o entrevistador prepara-se tendo por base objetivos específicos, que o irão orientar para a recolha de dados úteis. É importante considerar também, que atualmente as entrevistas podem decorrer das mais diferentes formas, como por exemplo, pessoalmente, por e-mail ou até mesmo por telefone, e com os mais diversos fins. Neste sentido, nas entrevistas semi-diretivas apesar da planificação de um guião dividido por blocos temáticos existe uma maior flexibilidade de condução da entrevista tendo em conta o rumo da entrevista e as respostas dadas. Assim sendo, as entrevistas realizadas na etapa de diagnóstico e planeamento têm como principal objetivo identificar e compreender quais as atividades realizadas , conhecer os projeto da rede, mas também reconhecer as principais necessidades e pontes fortes do projeto "Miúdos a Votos". Numa fase de avaliação do trabalho realizado, as entrevistas ajudarão a compreender a perceção das coordenadoras e de outros colaboradores, relativamente ao projeto, e aos resultados obtidos.
Por fim, a Análise documental é outro procedimento ligado à recolha de dados, assim sendo, consiste num processo em que o investigador procura investir na pesquisa de dados que enriqueçam as informações já recolhidas. Para Gil (2008), citado por Cechinel et al (2016), os documentos utilizados "podem ser dos mais variados tipos, escritos ou não, os quais incluem diários, documentos de entidades públicas e privadas, gravações, correspondências, fotografias, filmes, mapas, etc." (p. 2). Para os autores, torna-se importante reforçar a diferença entre a pesquisa documental e a bibliográfica, visto que a primeira tem por base documentos que ainda não receberam nenhum tratamento científico, enquanto no segundo são utilizados documentos e fontes científicas, como livros, artigos, ensaios críticos entre outros. A análise documental é assim um processo longo, que se inicia pela avaliação dos documentos recolhidos, como forma de compreender a veracidade dos mesmos, tendo-se em conta os autores, os contexto, e a confiabilidade. Para Cechinel et al (2016), depois de todo o processo de avaliação, cabe ao investigador dar início à própria análise, em que é necessário reunir tudo o que foi encontrado, e interpretar os dados de forma coerente. Deste modo, a análise documental como procedimento de recolha de dados, torna-se fundamental durante a etapa de preparação e integração, pois permite ter acesso a relatórios sobre os diferentes projetos e atividades. Além disso, documentos como os Estatutos da RBE, ou um manual de procedimentos, ajudará no que diz respeito ao modo de trabalho e à conduta mais adequada.
Descrição de procedimentos de análise de dados
No seguimento do ponto anterior, depois da escolha dos procedimentos de recolha de dados, é essencial reconhecer quais os melhores métodos para a análise dos dados que foram recolhidos. Os diferentes métodos de recolha de dados, requerem diferentes procedimentos de análise dos mesmos, visto que existem formas de análise mais adequadas para que assim se garanta a melhor eficácia desse processo.
O primeiro procedimento de análise de dados escolhido foi a Análise SWOT, já utilizada para a realização de outros projetos. Esta sendo uma das ferramentas mais utilizadas no processo de levantamento de necessidades, vai permitir ao investigador ou responsável do projeto através da organização os dados obtidos pelos diferentes métodos de recolha de informação. Cabe ao sujeito, identificar e compreender quais são os dados adequados às diferentes categorias. Sob esta ótica, SWOT é um acrónimo derivado das palavras em inglês: Strengths (pontos fortes), Weaknesses (pontos fracos), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Esta análise oferece uma visão abrangente da situação atual de uma organização, facilitando a identificação de estratégias e ações de melhoria. De acordo com a Comissão Setorial para a Educação e Formação (2014), a análise SWOT pressupõe a divisão do ambiente em duas partes: ambiente interno e ambiente externo. O ambiente interno é influenciável e gerido pela organização e é caracterizado por pontos fortes e por pontos fracos. Quanto ao ambiente externo, contém elementos que não podem ser previstos ou controlados pela organização, pelo que a sua análise permite a identificação de tendências que se traduzem em oportunidades e ameaças. A Análise SWOT relaciona os pontos fortes e pontos fracos de uma instituição com as oportunidades e ameaças do seu meio envolvente. Nesse sentido, este tipo de análise vai enriquecer o diagnóstico de necessidades, vai auxiliar no levantamento de necessidades do projeto, e a compreender quais os pontos fortes da instituição, como forma de os utilizar de forma benéfica para um bom resultado. Para o preenchimento da tabela, terão se em conta os dados recolhidos tanto através da observação como das entrevistas semi-diretivas, visto que esta se complementam.
Em seguida, uma outra forma de análise de dados, passa pelo processo de construção de uma Grelha de codificação. Para Bogdan e Biklen (1994), citado por Amado (2013), o processo de análise de dados requer um conjunto de etapas que permitem ao investigador construir um trabalho completo e coerente. Primeiramente, o investigador deve proceder à realização de entrevista para mais tarde transcrever, e só depois passar à etapa de análise e interpretação dos dados. Através da leitura do documento, fica clara a diversidade de conceitos de análise de conteúdo e também da sua complexidade. A análise de conteúdo consiste numa técnica que se caracteriza como básica e metódica ao mesmo tempo, que exige do investigador conhecimento. Além disso, o autor traz uma questão essencial: "a análise de conteúdo constitui uma técnica ou um método?" (Amado, 2013, p.305). Alguns autores consideram a análise de conteúdo um instrumento de recolha de informação, em que é necessário construir uma grelha de análise, outros consideram " um método geral de investigação, um estado de espírito, do mesmo modo que a experimentação e a observação participante (...) a análise cobre processos tão diversos como a elaboração de conceitos e a interpretação de resultados." (p. 305). Este tipo de análise servirá então para avaliar as diferentes entrevistas realizadas, numa primeira fase para conhecimento da instituição e levantamento de necessidade, e mais tarde para o processo de avaliação do projeto. Para a elaboração de uma análise adequada será importante definir categorias, subcategorias, indicadores e por fim as unidades de registo.